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Bibliologia
Bibliologia

A disciplina - Estudo sobre a Palavra de Deus, é também conhecida como Isagoge (termo grego que significa conduzir para dentro), e tem como objetivo introduzir o estudante nos mistérios revelados pelo Senhor Deus através das Sagradas Escrituras. Dessa forma, Bibliologia é o estudo dos assuntos inerentes à Bíblia. Essa matéria auxilia o estudante a desvendar a Palavra de Deus, a obter compreensão sobre a Bíblia e, é indispensável a qualquer área da Teologia, elucidando inumeráveis fatos bíblicos. Um dos pontos mais importantes da Bibliologia é o estudo do milagre bíblico, ou seja, a forma impressionante com que os textos foram escritos, preservados e trazidos até os tempos atuais.

Nas lições deste módulo estudaremos sobre como a Bíblia é rica em detalhes referentes aos fatos que nos revela. A compreensão da riqueza dos fatos registrados na Bíblia ajuda o estudante a compreender melhor a vontade de Deus revelada em sua Palavra. Esperamos que a partir desse estudo, você possa ser beneficiado com o crescimento espiritual e sinta-se mais ansioso para permanecer saciando sua sede na infindável fonte que é a Bíblia Sagrada.

Para melhor compreensão da Bíblia providencie um bom dicionário secular, um dicionário bíblico, uma chave (ou referência) bíblica, um livro de geografia bíblica e uma enciclopédia bíblica. A maioria das Bíblias de Estudo vêm equipadas com chave e dicionário bíblico, além de notas de rodapé e mapas que auxiliam no estudo do texto sagrado. Além dos auxílios acima citados, a Bíblia é o livro que deve ser lido com reverência, em oração, para que o Espírito Santo, que é seu maior intérprete, possa atuar sobre cada um, nos dando a exata dimensão da vontade de Deus.

1 - A IMPORTÂNCIA DAS ESCRITURAS

A Bíblia é o único livro na história da humanidade que revela a Deus, ou ainda, que é a palavra do próprio Deus. Todas as demais obras não conseguem provar por si próprio que tem como autor o Senhor de todo o Universo. Somente a Bíblia conta a maior história de amor, jamais revelada de outra forma, a não ser a do Senhor Jesus Cristo, para salvação da humanidade. Somente a mensagem da Bíblia é capaz, na direção do Espírito Santo, conduzir o homem em todas as áreas de sua vida: “Bem-aventurado o varão que não anda segundo o conselho dos ímpios ... antes tem o seu prazer na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e de noite.” (Sl 1.1,2).

 

1.1 A NECESSIDADE DAS ESCRITURAS

A revelação de Deus ao homem através dos tempos tem sido por meio das obras que Ele criou (Rm 1.20, Sl 19.1-6). Além das obras, a maior fonte de revelação de Deus está em sua Palavra, a Bíblia Sagrada. Costuma-se dizer que essa revelação é dupla, sendo a Bíblia a palavra escrita e Cristo a palavra viva. Essa dupla revelação tornou-se necessária devido a queda do homem. Ao estudarmos a Bíblia devemos considerar as seguintes afirmações: a) A Palavra de Deus é o único manual do crente - Os manuais existem para orientar as pessoas sobre os procedimentos corretos em determinadas ocasiões. Dessa forma, a Bíblia nos ensina a servir ao Senhor, a empregar bem as orientações deixadas por Deus para uma vida feliz e para a correta realização de Sua obra. É também a Bíblia que nos mostra o caminho da salvação, da santificação e da vida eterna. A eficiência no uso da palavra vem do exercício constante, da prática (1 Pe 2.9, 3.15; Ef 2.10; 2 Tm 2.15; Is 34.16; 55.11; Sl 119.130).

b) A Palavra de Deus alimenta nossa almas - O estudo da Palavra é uma nutrição perfeita para nosso crescimento espiritual. Todo alimento só nutre o corpo se for absorvido pelo organismo e se for ingerido com regularidade. Quem não tem apetite pela Palavra de Deus não tem também saúde espiritual (Mt 4.4; Jr 15.16; 1 Pe 2.2).

c) A Palavra de Deus é um instrumento do Espírito Santo (Ef 6.17) - O Espírito Santo tem mais instrumentos para operar onde há abundância da Palavra de Deus. Quando estamos imersos na Palavra, o Espírito atua mais livremente em nossa vida (Sl 1.2; Js 1.8).

d) A Palavra de Deus nos enriquece espiritualmente - Por não conhecer adequadamente a Palavra de Deus, muitos crentes se tornam fanáticos. Em vez de deixarem o Espírito Santo usá-los, querem usar o Espírito Santo para fazer suas vontades. Por outro lado, há os que conhecem a Palavra mas a falta de correta e pronta orientação espiritual, principalmente aos novos convertidos, pode resultar em vidas desequilibradas e doentias pelo resto da existência. São pessoas que ferem a si mesmas e as outras pessoas com as quais convivem, por não compreenderem as riquezas da liberdade conquistada por Cristo (Sl 119.72; Ef 1.17; 1 Co 2.10).

e) A Palavra de Deus renova a fé do cristão - Para termos nossas orações respondidas por Deus, precisamos apoiar nossa fé nas promessas contidas em sua Palavra. Por outro lado, a Palavra de Deus desperta fé em nós. Precisamos pedir conforme a vontade de Deus. E uma forma de conhecer a vontade de Deus é por meio de sua Palavra (Jo 15.7; Rm 10.17; Jo 5.14).

A Bíblia é a revelação de Deus à humanidade. Tudo que precisamos Deus nos revelou por meio de sua Palavra. Somente precisamos nos apropriar dessas revelações e pela fé concretizá-las em nossa vida. O autor da Bíblia é Deus, seu intérprete é o Espirito Santo e seu tema central é o Senhor Jesus Cristo.

1.2 COMO DEVEMOS ESTUDAR A BÍBLIA

Para tirar o máximo aproveitamento da Bíblia, devemos estudá-la: a) Conhecendo o seu autor - A Bíblia é o único livro cujo autor está presente quando alguém o está lendo. Ninguém explica melhor um livro do que seu próprio autor. Conhecendo e amando o autor da Bíblia, fica mais fácil compreender Sua vontade.

b) Diariamente - Como alimento espiritual, a Bíblia só surte efeito se for degustada diariamente, como nossas principais refeições. Caso isso não aconteça, o crente será alvo da destruição espiritual (Dt 17.19; Jo 16.12; Hb 5.12; Mc 4.33).

c) Com reverência - A maneira como lemos a Bíblia é importante para determinar o aproveitamento dessa leitura. É importante observar o seguinte: (I) Estudar a Bíblia como a Palavra de Deus, e não como um livro qualquer; (II) Estudar a Bíblia em atitude de oração, com o coração voltado para Deus; (III) Estudar em atitude de humildade (Tg 1.21); (IV) Estudar crendo em seu ensino (Lc 24.25).

d) Com oração - A melhor leitura bíblica é aquela feita vagarosamente, com meditação, a exemplo dos servos de Deus no passado (Sl 119.12,18; Dn 9.21-23; Sl 73.16-17). A meditação aprofunda a compreensão.

e) Completamente - Existem textos bíblicos que não recebem a devida atenção dos seus leitores. Ler a Bíblia toda, em atitude de oração e meditação, ajuda a compreender melhor Sua mensagem. Sendo a Palavra de Deus, a Bíblia é infinita em sua mensagem, mas nem por isso devemos desistir de estar sempre buscando mais. O Espírito Santo nos ajuda nessa caminhada de compreensão da vontade de Deus (Rm 11.33,34; 1 Co 13.12; Dt 29.29).

1.3 O TEMA CENTRAL DA BÍBLIA

A REDENÇÃO é o tema central da Bíblia com o personagem princicipal sendo JESUS, conforme Ele mesmo declara em Lc 24.44 e Jo 5.39. Leia também At 3.18; 10.43 e Ap 22.16. Considerando a redenção como tema central da biblia e Jesus o personagem principal da Bíblia, podemos dividir os 66 livros em quatro grandes grupos: a) Preparação: todo o Antigo Testamento. b) Manifestação: os Evangelhos. c) Explanação: são as Epístolas. d) Consumação: o livro de Apocalipse. Texto em itálico

2 - BÍBLIA - O LIVRO

Não encontramos o vocábulo “Bíblia” no texto das Sagradas Escrituras. Esse nome provém do grego, tendo como origem o termo “papiro”. A forma de escrita mais disseminada na Antigüidade era com o uso do papiro. Por sua vez, os gregos chamavam o papiro de biblos, um rolo de papiro era um bíblion e vários destes era uma “bíblia” ou livro. A palavra “bíblia” significa, assim, “livros pequenos” ou “coleção de livros pequenos”. Grande parte dos escritos sagrados nas sinagogas era escrita em papiro (Lc 4.17).

O papiro foi um dos principais materiais usados para escrever os manuscritos bíblicos. O centro da indústria do papiro era o Egito, onde teve início a sua utilização. Antes do surgimento dos equipamentos gráficos os livros eram escritos a mão, em forma de rolos, em materiais como o papiro ou pergaminho. O papiro era uma planta que crescia junto aos rios. A entrecasca, depois beneficiada, formava rolos de grande extensão, permitindo a escrita. A Bíblia menciona o papiro diversas vezes: Ex 2.3; Jó 8.11; Is 18.2. Em algumas passagens, a Bíblia menciona junco, no lugar do papiro. Na verdade, o papiro era extraído de uma espécie de junco gigante. A palavra papel também é derivada de papiro. O uso desse material data do ano 3 mil antes de Cristo.

O pergaminho foi o outro material usado para escrever os manuscritos bíblicos. Esse nome está relacionado com Pérgamo, cidade que ficou famosa pela fabricação de pergaminhos, cuja matéria-prima era de peles de animais, sendo material bem mais durável e resistente que o papiro para a escrita (2 Tm 4.13). O pergaminho é um material de uso mais recente, aplicado a partir do Novo Testamento.

Mais recentemente, no final da Idade Média, foi inventada a imprensa. O primeiro livro impresso foi a Bíblia, em 1452, em alemão. A partir de então, a difusão dos ensinos bíblicos tornou-se mais rápida e eficiente. Hoje a Bíblia é divulgada de diversas formas, inclusive por meio de gravação (áudio), vídeos, programas de computador, Internet e outros meios.

Os estudiosos no assunto afirmam que a expressão Bíblia foi primeiramente adotada por João Crisóstomo, patriarca de Constantinopla, no V século de nossa era.

Alguns outros nomes pelos quais a Bíblia é conhecida: Escrituras (Mt 21.42); Sagradas Escrituras (Rm 1.2); Livro do Senhor (Is 34.16); A Palavra de Deus (Mc 7.13; Hb 4.12); Os oráculos de Deus (Rm 3.2).

A arqueologia moderna tem sido a maior fonte científica que comprova a infalibilidade do Livro Sagrado. A história da Bíblia, como chegou até nós, é encontrada em seus manuscritos. Manuscritos são livros da antiga literatura, escrito à mão.

2.1 A ESTRUTURA DA BÍBLIA

A Bíblia divide-se em duas partes principais: o Antigo e o Novo Testamento, tendo ao todo 66 livros, 39 no Antigo Testamento e 27 no Novo. Esses livros foram escritos no período de 16 séculos e tiveram cerca de 40 escritores. Foram pessoas de diversas épocas, diversas línguas, profissões diferentes, mas revelando uma mesma mensagem: aquela que o Supremo Autor desejou passar. Aqui está o grande milagre da Bíblia.

Testamento vem do grego “diatheke” e significa aliança ou concerto. Hoje, testamento é um documento que contém a vontade de uma pessoa quanto a distribuição de seus bens após a morte. Essa duplicidade de sentido ensina que a morte do testador (Cristo) ratificou ou selou a Nova Aliança, o que nos garante toda a sua herança (Hb 9.15-17). O termo Antigo Testamento foi usado pela primeira vez por Tertuliano e Orígenes.

2.1.1 O Antigo Testamento (AT)

A expressão "Antigo Testamento" surgiu no II século d.C., tendo sido divulgada dessa forma pelos chamados "pais latinos da Igreja", quando procuravam diferenciar as Escrituras hebraicas (os textos sagrados dos judeus, que até aquela época eram denominadas simplesmente de "Escrituras"), dos escritos que os apóstolos e discípulos de Jesus passaram a escrever, que foram denominados de as "Escrituras gregas".

Por sua vez, os judeus não denominam suas Escrituras de "Antigo Testamento", até mesmo porque se assim o fizessem, estariam reconhecendo a Jesus como o Cristo. Eles chamam o Antigo Testamento de 'TANACH", palavra formada das iniciais de Torah (Lei), Neviim (Profetas) e CHetuvim (Escritos), que é o conjunto dos escritos sagrados. Esta forma de denominar o Antigo Testamento foi utilizada por Jesus (Lc 24.44).

A expressão AT tem sua origem na carta aos Hebreus (Hb 8.6-13) que, por sua vez, toma como base o profeta Jeremias (Jr 31.31-34). O texto de Jeremias, na versão grega da Septuaginta, usa a palavra grega "diatheke", que significa pacto ou testamento, tendo sido escolhida a expressão "testamento", já que na carta aos Hebreus estes pactos somente tiveram valor em virtude de derramamento de sangue (Hb 9.1-8,16,17).

O Antigo Testamento foi produzido num ambiente histórico e cultural do Egito, da Mesopotâmia e nas nações historicamente relacionadas com essas terras, e escrito originalmente em hebraico, com alguns trechos em aramaico e em persa. Divide-se basicamente em quatro grupos de livros: Lei, História, Poesia e Profecia.

a) Lei - São 5 livros: Gênesis, Êxodo, Levíticos, Números e Deuteronômio. Mais conhecidos como Pentateuco, esses livros tratam da origem de todas as coisas, da lei e do estabelecimento da nação israelita.

b) História - São 12 livros: de Josué a Ester. Ocupam-se da história de Israel em seus diversos períodos, principalmente a Teocracia (governo de Deus, sob os Juízes); a Monarquia (governo de um único rei, sob Saul, Davi e Salomão); Divisão do reinos de Judá e Israel, sendo Israel levado cativo para a Assíria e Judá para a Babilônia; Pós-cativeiro (sob Zorobabel, Esdras e Neemias, em conjunto com os profetas).

c) Poesia - São cinco livros, de Jó a Cantares de Salomão. O nome poético deve-se ao gênero de seu conteúdo, não significa que sejam fantasiosos e fictícios. São também chamados de devocionais ou “literatura de Sabedoria”.

d) Profecia - São 17 livros, de Isaías a Malaquias. Podem ser divididos em Profetas Maiores (cinco livros, de Isaías a Daniel), sendo quatro autores, visto que o livro de Lamentações se atribui a Jeremias e, Profetas Menores (12 livros, de Oséias a Malaquias). O nome Profeta Maiores ou Menores não tem nada a ver com o mérito ou notoriedade do profeta, mas, principalmente, com a extensão do livro ou do ministério profético.

A classificação dos livros bíblicos não obedecem ordem cronológica, pois estão agrupados por assuntos. A forma como estão dispostos teve origem na Septuaginta, através da Vulgata.